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A QUESTÃO DAS DROGAS E DO ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA
   Algumas vezes sou procurada por pais de adolescentes, aflitos depois da descoberta que seu filho (a) está fumando maconha. "O que fazer?" . É sempre a pergunta angustiante, pedindo ajuda e de preferência uma "fórmula milagrosa" que faça com que o adolescente pare de se comportar dessa maneira considerada desafiadora, auto-destrutiva e fora dos padrões.
  De fato, é um comportamento preocupante, que não deve ficar "barato" e sem resposta. Sempre digo que prefiro os pais "escandalosos" (embora não seja o escândalo o que vai resolver a questão) aos "alienados" que não se importam com o potencial destrutivo do uso de drogas e que consideram "tudo normal".
  Sei que muitas vezes são esses segundos, pessoas otimistas e bem intencionadas, mas podem estar "passando" a mensagem de que concordam ou admitem a droga e que acreditam que o filho sempre terá controle da situação de uso.
  Acredito que esta é no mínimo uma postura "inocente" porque as pessoas não tem, em geral, a orientação exata de como evolui a dependência às drogas e ao álcool.
  Ninguém fica dependente nos primeiros usos (a não ser que esteja usando crack ou heroína), porém se fizer uso contínuo vai "gostando" cada vez mais até não conseguir ficar sem, e aí é um sofrimento danado para se livrar da droga e de todo um estilo de vida que acaba se estabelecendo junto com ela.
  A princípio tudo é mesmo muito prazeroso, com a droga ou o álcool trazendo mais alegria, desenibição, sensações, etc, mas depois a pessoa começa não achar nada divertido sem ela, até chegar ao ponto em que entra em ansiedades, depressões e paranóias horríveis, fora os problemas físicos, e precisa drogar-se para se livrar desse mal estar todo. Imagine o que é viver tanta angústia com intervalos de uso de droga para alívio cada vez por um tempo menor!
  O problema é que quem está "curtindo" nunca acha que vai acontecer com ele, principalmente porque não tem as conseqüências negativas imediatas e às vezes, nós adultos "entramos nessa" também achando que tudo vai passar sem que haja necessidade de maiores intervenções.
  Isso não é verdade. Minha experiência com esses casos diz que os pais que conseguiram melhores resultados se empenharam e muito para tirar o filho dessa trilha: assistiram dezenas de palestras, leram a respeito, discutiram com os casais amigos que tinham filhos da mesma idade ou com a mesma problemática e procuraram ajuda de educadores, médicos e psicólogos. Sem esse empenho todo, não sei se eles teriam conseguido.
  Acho, que "o outro lado": a estrutura do tráfico, a mídia que associa o bem viver ao uso de drogas, a crise de valores que estamos vivendo, etc, tem muita força; e somente se estivermos trabalhando "em turma" também é que poderemos contribuir para que o jovem saiba viver de forma prazerosa e gratificante e ainda por cima de "cara limpa"!
  Já dizia minha avó: "É melhor prevenir do que remediar..."
  Portanto: mãos à obra!

Ana Lúcia Mazzei Massoni
Psicóloga Clínica especialista em álcool e drogas






O MONTE FUJI E A LAGOA AZUL
  Há alguns anos conheci duas pessoas muito especiais, já trabalhavam juntas há mais tempo ainda, e me chamou a atenção ver como se entendiam tão bem, e desenvolviam tantos projetos, sendo tão diferentes...
  A Satoko era conhecida nos "bastidores" como o "Monte Fuji" e carinhosamente eu também apelidei a Beth de "Lagoa Azul".
  Eram as duas: o Sol e a Lua. Nas suas formas espiritualizadas de ser e de transmitir ao mundo suas crenças e ideais.
  Uma: racional, ponderada, justa; incapaz de emitir uma opinião sem antes ter refletido muito a respeito. Outra: espontânea, alegre, com a sensibilidade à flor da pele, sempre se envolvendo nos dilemas apresentados pelas pessoas, para depois chegar às suas conclusões.
  Mas uma característica sempre as unia: a extrema honestidade com que tratavam qualquer pessoa ou assunto. Quando se tratava de dizer o que pensavam, podiam ter quem fosse pela frente que a sinceridade brotava em suas bocas.
  Assim, mesmo partindo de "geografias" tão opostas, a Satoko meditando do alto da montanha, e a Beth mergulhando até o fundo das emoções, na maioria das vezes, milagrosamente elas conseguiam chegar a um consenso sobre como agir nos casos mais difíceis!


Ana Lúcia Mazzei Massoni
Psicóloga Clínica especialista em álcool e drogas

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